"Criolo Doido une o rap a samba, soul, bolero e romantismo"




“É natural eu cantar porque sou brasileiro. Sou brasileiro e estou pedindo licença humildemente a todos os meus para cantar.” As duas frases soariam redundantes se proferidas pela maioria dos cantores brasileiros, mas adquirem sentido particular na boca do paulistano Kleber Cavalcante Gomes, conhecido pelo codinome artístico Criolo Doido, agora adaptado para simplesmente Criolo. Ele é um músico ligado ao rap, e músicos de rap nem sempre são classificados como cantores - em setores mais conservadores de nossa cultura, o rap por vezes nem é aceito como música.

Criolo se viu frente a frente com o tabu na hora de criar seu segundo disco (o primeiro foi “Ainda Há Tempo”, de 2006, de rap, digamos, mais tradicional). Com canções compostas ao longo de dez anos, “Nó na Orelha” não é um disco de rap, porque, embora contenha raps, reúne também faixas em tempo de soul, samba, reggae, bolero, canção romântica, funk, afrobeat etc.

Mas “Nó na Orelha” é, sim, um disco de rap, segundo seu criador: “A intenção rap não foi embora. A atitude vai sempre existir. ‘Freguês da Meia-Noite’ é um bolero rasgado que está contando a história de um um cara que usa droga e só parou para pensar e falou que naquele dia não vai usar droga. Olha uma letra de rap aí”, exemplifica.

“[Em] ‘Subirusdoitiozin’ eu já começo falando de um duplo assassinato. ‘Bogotá’ pergunta por que tem que continuar essa festa da pamonha de entrar toneladas de drogas e armas todos os dias no país, e a culpa é daquele molequinho que está lá levando tapa na cara. Olha a atitude rap aí, não é um disco de rap?”, pergunta.

Entre o rap e o não-rap, Criolo reluta em definir-se “músico”. “Um dia pretendo ser músico, viu? Como diz meu pai, às vezes a gente não tem ritmo nem para andar. Não sei tocar nenhum instrumento, nunca fiz aula de canto, nada. Lutei muito e tive de provar para mim mesmo e para muita gente - não que eles tenham pedido, OK? - que tenho condições de expressar um pouquinho do que o meu coração diz.”

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